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A CASA COMUM COMO PALAVRA DO PAPA FRANCISCO: PARA UMA IGREJA POVO DE DEUS

Pe. Hermínio

Alder Júlio Calado

Gedeon José de Oliveira

 

Somos nó de relações. “Deus, deve usá-lo só no singular e só com relação ao todo universal e omni-abrangente. O todo é mais do que a soma de suas   partes – transcendência, mas por outro lado está presente em cada uma delas – imanência” (Cirne Lima)

 

INTRODUÇÂO

 

Em sua encíclica de ecologia integral o Papa Francisco nos apresenta enquanto modelos interpretativos do tempo presente,  São Francisco, uma irmã, uma mãe, e a terra. quatro metáforas que podem ser sintetizadas em apenas uma, a saber a metáfora da condição de ser mãe. Trata-se do útero materno que assim, como a terra, gera a vida. Papa Francisco canta como o poeta bíblico Isaias, que mesmo em meio a tantos problemas, como as injustiças e corrupções, com os poderosos sufocando os mais pobres, tirando a sua dignidade, Isaias ainda consegue ver esperança: Deus vem ao encontro de seu povo e Mesmo sem esperar uma verdadeira conversão, quer perdoa-lo. Para isso é necessário mexer em toda a estrutura social, prometendo a vinda de um rei justo. "Eis que a jovem está gravida e dará à luz a um filho e dar-lhe á o nome de Emanuel" (Is 7,14). Assim, Papa Francisco é o Isaias de hoje, cujas palavras em torno da casa comum, inspira esperanças aos esperançados. O termo “comum” integra todas as dimensões da vida, enquanto que o termo comum-ismo, hoje em dia não corresponde a sua origem etimológica, de modo que se tornou uma palavra carregada de preconceitos e distorções.

A palavra comunismo vem do latim e significa “comum”. A palavra comuna, por exemplo, remete a cidades emancipadas na Idade Média e, em francês, significa comunidade local com autonomia administrativa. Experiências comunais, isto é, comunitárias, ocorreram em diversos períodos da história, como o cristianismo primitivo do século I, quando todos vendiam suas propriedades e os apóstolos repartiam o pão conforme a necessidade de cada um. Entretanto, essas experiências são anteriores à consolidação do capitalismo industrial, quando o conceito de comunismo como hoje conhecemos foi desenvolvido. A palavra “comum” de casa comum, não só propõe um olhar integral em favor da vida em suas-formas-de vida, mas também denuncia os mecanismos de desintegração fracionaria que põe em risco a vida do planeta. é importante salientar que o Papa Francisco quando escreve a Encíclica Laudauto si, a priori, ouviu vários seguimentos da sociedade, principalmente os movimentos sociais que tem como bandeira a luta a dignidade humana concomitante a preservação do meio ambiente. Assim, Papa Francisco da voz aos sem voz, de modo que a Encíclica é resultado da escuta daqueles que estão a margem do sistema mundo, mas que lutam esperançados por políticas públicas sociais e ambientais. Deste modo a reflexão em torno da casa comum diz respeito aos anseios de parte da população mediante crise ambiental. Esses escritos, também é resultado de patilha entre duas pessoas que em suas praticas cotidianas, trazem suas opções preferenciais pelos empobrecidos. Alder Júlio Calado (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.) e Pe. Hermínio Casanova (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.). Alder Júlio, é diácono permanente e professor aposentado da UFPB (Universidade Federal da Paraíba).  Licenciado em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Caruaru (1972), Mestrado em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (1979) e Doutorado em Anthropologie et Sociologie du Politique - Université de Paris VIII (1991). Alder Júlio, tem mais de cinquenta livros escritos, onde a presença fundamental das vítimas tem predominância desde várias perspectivas: na sociologia, na teologia, na educação e na filosofia. Isto evidencia uma unidade do ponto de vista do olhar acadêmico de Alder Júlio. O caráter de oprimido, é a unidade desenvolvida em seus livros. Padre Hermínio, é missionário italiano.  Apaixonado pelos trabalhadores rurais da Diocese de Joao Pessoa, já entrou em conflitos várias vezes com fazendeiros defendendo os interesses do homem e da mulher do campo. É responsável pela CPT, (Comissão Pastoral da Terra). Junto com Alder Júlio, promovem todo ano a Semana Teológica Pe. José Comblin, tematizando os principais problemas político-econômicos que afligem as comunidades mais carentes. Alder Júlio e Pe. Hermínio, traduzem as Encíclicas do Papa Francisco do Italiano para o português e em seus grupos refletem os documentos, de modo que a palavra do Papa Francisco tem importância para estes, mais do que a própria instituição igreja. Pois da parte da Igreja, pouco se fala das encíclicas, e o pouco que falam é de forma superficial e sem vínculo com a diocese.

Com estas palavras introdutórias, gostaríamos de prestigiar o Papa Francisco, como aquele que é a voz de uma mãe, a voz da terra, a voz de uma irmã e a voz de São Francisco. Para tanto, faremos uma síntese sobre o método da Laudato si. Em seguida desenvolveremos os aspectos que nos chamam atenção na encíclica em torno do racionalismo que de vários modos, tornou as relações humanas entre si e com a natureza, relações técnicas. Em seguida, abordaremos o contexto em que se encontra a política brasileira e o descaso com o meio ambiente e com os empobrecidos. Em meio a desesperança provocada pelas relações técnicas, trazemos uma leitura bíblica teológica que nos inspire a uma espiritualidade do engajamento desde da categoria do feminino, categoria essa, que se encontra no início da encíclica.  Por fim, concluiremos nossa homenagem com o sínodo da Amazônia por entender que se trata da materialidade profetizada pelo Papa Francisco na Encíclica Laudato si.

 

MÉTODO.

 

Quanto ao método: ver, julgar e agir

 

Trata-se protagonismo popular, luta e transformação indicam a orientação das práticas, assim como o “fazer com”, trabalhado conceitualmente como práxis e por vezes como o movimento permanente entre prática-teoria-prática. ver-julgar-agir se traduz por  ação-reflexão-ação, é considerado a lógica metodológica, permeada pela relação entre os saberes populares e o conhecimento historicamente acumulado, pela sistematização, pela pesquisa-ação participante e pelo diálogo, que orienta os métodos, técnicas e procedimentos, incluindo os processos avaliativos, dos múltiplos processos e práticas educativas que se instauraram na América Latina.

Na Carta Encíclica Laudato Sí (maio de 2015) o Papa Francisco assume corajosamente o método Ver, Julgar e Agir. Este método foi criado pela ação católica dos jovens operários da Europa nos anos 50, mas a partir do evento de Medellin (1968) e de Puebla (1979) se tornou o método de trabalho da pastoral popular e das atividades formativas da Igreja Latino-Americana.

O Ver corresponde ao capítulo III, onde é analisado o paradigma tecnocrático dominante como instrumento que o ser humano utiliza na sua ação no mundo: “A raiz humana da crise ecológica”. O Julgar é a reflexão desenvolvida nos capítulos IV, apresentando a novidade do discurso, “por uma Ecologia Integral”.

O Agir está em parte no capítulo V, e sobretudo no capítulo VI onde aparece a proposta de viver uma espiritualidade ecológica.

 

Pontos que são referendados desde o método.

 

Podemos perceber a intenção do Papa de se deixar conduzir por alguns princípios e valores na elaboração de uma análise, de um discernimento, e na consequente proposta de uma ação concreta. Na leitura da Introdução e do Capítulo I, descobrimos estes critérios ou luzes. Pelo menos dez critérios ou pressupostos metodológicos são os mais utilizados na Encíclica.

- O cuidado, como essência da vida humana. Termo nascido e elaborado no Brasil e assumido pelo Papa; ver o título do documento “Laudato Sí: Sobre o cuidado da casa comum”.

- Casa comum; o termo foi proposto pela primeira vez pelo líder soviético Michael Gorbachov na elaboração da “Carta da Terra”.

- A ciência. “assumir os melhores frutos da pesquisa científica atualmente disponível.” (n. 15). Na parte teórica, o Papa incorpora dados da nova cosmologia e da física quântica, pois tudo no universo é um nó de relações.

- Os pobres e a fragilidade do Planeta. Esta relação é um eixo central do documento. (n. 16).

- O novo paradigma da tecnologia: a tecnociência e a tecnocracia como novas formas de poder (n. 16).

- O antropocentrismo exacerbado.

- A busca de um novo estilo de vida (n. 16).

- A cultura do descarte (n. 20, 21 e 22).

- O clima como bem comum (n. 23-26).

- A questão da água (n. 27-30). “problema da qualidade da água disponível para os pobres.”.   “Uma mercadoria sujeita às leis do mercado”.

- A perda da biodiversidade (n. 32-42).

- A desigualdade planetária (n. 48-52). “O ambiente humano e o ambiente natural degradam-se em conjunto.” uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres”, os refugiados do clima, os desempregados globais.

- A admiração e o encanto: fraternidade e beleza, inteligência intelectual e inteligência sensível ou cordial.

 

 

LAUDATO SÍ COMO PALAVRA DO PAPA FRANCISCO (VER)

 

O método proposto, propicia meditar sobre a PALAVRA de esperança do Papa Francisco.  Em um mundo, onde a palavra se tornou técnica, quer dizer, submetido a ciência, a palavra do Papa Francisco, vai na contramão de um drama causado pela e através da política moderna.

O drama da vida é precisamente a experiencia histórica da violência dos totalitarismos ideológicos que produz a crise e o ocaso das pretensões da razão moderna. O iluminismo, no sentido mais amplo de pensamento em continuo progresso, tem por objetivo livrar os seres humanos do medo e torná-los senhores. Mas a terra inteiramente iluminada resplandece num cenário de triunfal desventura. Os sinais das desventuras, é a violência inaudita que se pode ver nos assassinatos de negros e negras, na depredação das florestas em função do agronegócio. Soma-se a essa realidade, as doenças provocadas pelo desenvolvimento tecnológico. Neste tempo de “noite branca”, o que triunfa parece ser a indiferença, a perda do gosto para procurar as razoes ultimas do viver e do morrer humano. Assim, a doença que mais se alastra é a falta de paixão pela vida e das suas formas-de-viver.

A pandemia espalhou dor pelo mundo e foi ainda mais rigorosa nas áreas pobres do globo, onde somou-se ao flagelo de antigas mazelas sociais.  No Brasil, por exemplo, o volume de críticas dirigidas por especialistas à gestão da crise realizada pelo Governo Federal evidencia problemas que colocam em xeque, não apenas o controle da doença, mas também a recuperação da economia. Do ponto de vista exclusivamente econômico, a crise elevou o desemprego e queimou pequenos capitais em volumes nunca vistos. Ao mesmo tempo, desabou o investimento, a arrecadação tributária e tornou instáveis os cenários econômico e político. Por fim, restou o trabalho precarizado como último recurso para muitos moradores das grandes cidades.

No Brasil, os 50% mais pobres em termos de renda têm apenas 10% da renda total, enquanto os 10% mais ricos têm mais de 50% do total. No que se refere à propriedade a situação é ainda pior: os 50% mais pobres detém 2% ou 3%, enquanto os 10% mais ricos detém entre 70% a 80% de tudo. A pobreza na América Latina, é um projeto político implementado por golpes. Um exemplo dentre muitos: logo após o golpe na Bolívia foi noticiado que o general que exigiu a renúncia do presidente Evo Morales.

Mas o golpe foi subcontinental, tendo começado com Honduras (2009),
Paraguai (2012), Brasil (2016), Bolívia (2019). E também outros países, utilizando metodologias um pouco diferentes, inclusive em combinação com processos eleitorais farsescos. Ao contrário da maioria dos países onde houve golpe, no Brasil promoveram a farsa do impeachment em 2016 e, em 2018, tiveram que gerar um processo farsa para impedir que o candidato favorito das eleições, participasse, pois poderia vencer o pleito, colocando o golpe na estaca zero. Bolsonaro, portanto, é cria de um golpe de Estado, mas também de uma fraude eleitoral. Ambos os processos contaram com a criminosa colaboração secreta de órgãos de inteligência norte-americanos, como agora está mais do que evidenciado.

O problema da segurança pública nos maiores centros urbanos do país, está intimamente ligado ao golpe de Estado no que se refere a crescente violência contra jovens negros. É inconteste que as forças da repressão numa comunidade de periferia, amedronta mais do que as gangues que lá se estabeleceram. Há um incentivo ao confronto e a consequência é a morte de inocentes. Às vezes se justifica essas mortes como vítimas de balas perdidas. Essas balas são perdidas para alguns, mas são certeiras para os pobres negros. A ordem é que nas favelas as forças de repressão do estado têm que agir com toda força possível, principalmente contra negros e pobres. Essa é uma forma eloquente de criminalizar os moradores das favelas. Trata-se de um projeto amplo para toda América Latina.

O que se vê na América Latina como um todo são regimes políticos com aparência de legalidade, mas que reprimem as forças populares e nacionalistas. No caso do Brasil, já vivemos sob uma ditadura, cujos poucos espaços democráticos vão sendo gradativamente espremidos. Especuladores estrangeiros retiraram R$ 87,3 bilhões da Bolsa brasileira entre 1º de janeiro e 17 de setembro. Este valor, quase o dobro dos R$ 44,5 bilhões que voaram durante todo o ano passado, significa a maior fuga de capitais da série, que começou em 2008.

 

TEOLOGIA FRANCISCANA DA ESPERANÇA (JULGAR)

 

É nesta desventura, da qual nos encontramos, que o Papa Francisco nos provoca a manter acesa a vela da esperança. Trata-se de palavra de vida inspirada no evangelho e no testemunho de São Francisco. Assim, as palavras do Papa Francisco apontam para o seu modo de viver.  As metáforas em torno das palavras Irmã (frater) mãe (útero) e terra, constituem mediações que o Papa Francisco utiliza para expressar sua experiencia evangélica em meio a violência da técnica. “A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos. Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados, conta-se a nossa terra oprimida e devastada, que « geme e sofre as dores do parto» (Rm 8, 22). Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra (cf. Gn 2, 7)”. 

À memória de Deus, viva e potente no Espírito, a fé do discípulo Papa Francisco não pode deixar de juntar a consciente assunção do presente. No Espírito o “hoje” dos homens é visitado e transformado para passar a ser o “hoje” de Deus, a hora da sua graça: por isso, “é dever de todo o povo de Deus, sobretudo dos pastores e dos teólogos, com a ajuda do Espírito Santo, escutar atentamente as palavras do Papa Francisco, discernir e interpretar os vários modos de falar do nosso tempo, e de sabê-los julgar à luz da Palavra de Deus, para que a verdade revelada seja entendida sempre mais a fundo, seja melhor compreendida e possa ser apresentada de forma mais adaptada”(Gaudium et  Spes, 44).

Os acontecimentos da história, enquanto habitados pelo Espírito que fala ao Seu povo, oferecem-se como “sinal do tempo”, ao qual deve corresponder compromisso da fé, que interpreta e atua em vista da nossa casa comum: “De fato, é necessário conhecer e compreender o mundo em que vivemos, bem como as suas expectativas, as suas aspirações e a sua índole frequentemente dramática” (Mt 16,2s; Lc 12,54-56). Ouvindo as inspirações do Papa Francisco, que brota o Sínodo do Amazonas.

 

O SINODO DO BRASIL (AGIR)

 

No site da UNISINOS (www.ihu.unisinos.br) no dia 30 de junho de 2020, noticiou o evento do Sínodo da seguinte forma: Nasce a Conferência Eclesial da Amazônia: “uma resposta oportuna aos gritos dos pobres e da irmã mãe Terra. O Sínodo é uma novidade, pois de caráter eclesial e não episcopal pode se tornar uma referência global do modo de ser igreja. Segundo artigo da UNISINOS, o sínodo é uma novidade do espírito. Trata-se da sinodalidade, uma maneira de ser Igreja que está sendo decisivamente promovida pelo Papa Francisco. Segundo Casto Ruiz (Professor da UNISINOS), “a boa nova sinodal com base na perspectiva eclesial, se realizou em uma nova figura jurídica-pastoral dentro da Igreja pelas quais os leigos e religiosas firmam parte parietalmente com os bispos”. Ainda outra novidade, é que não se trata de um país, mas de uma região (um bioma) que interliga diversos países. Trata-se de uma abordagem da fé, cujo conteúdo são as questões socioambientais. O Sínodo se torna então, o laboratório de um modelo de ser Igreja no século XXI.

O sínodo da Amazônia está intimamente ligado a laudato si do Papa Francisco. Trata-se da escuta da palavra do Papa desde a América Latina. São palavras que se faz numa atitude do auscutar como discípulos e discipulas. Auscutar, do latim, ausculto, significa dar ouvidos a, para torna possível o mostrar-se e o reconhecer da nostalgia profunda do útero materno que se preserva.  Entendemos como “útero materno” as experiências mutáveis da vida que emerge para a apreensão dirigida ao todo, ao rosto da vida, cheio de contradições, ao mesmo tempo vitalidade e lei, razão e arbitrariedade, mostrando sempre aspectos novos e, embora talvez clara nos pormenores, inteiramente enigmática na totalidade. A alma procura abarcar num todo as referências vitais e as experiências nelas radicadas, mas não consegue. O centro de todas as incompreensões são a geração, o nascimento, o desenvolvimento e a morte. O vivente sabe da morte e, no entanto, não pode compreendê-la. Desde o primeiro olhar lançado a um morto é a morte inapreensível para a vida, e aqui radica, em primeiro lugar, a nossa posição face ao mundo como perante algo de estranho e de terrível. (TILTHEY, Wilhelm. Teoria das concepções do mundo. Edições 70,1995. p. 114).

Não se escuta o simples barulho ou as ondas sonoras do que está sendo dito, mas o sentido originário de um Deus sem origem. Sendo assim, ao invés de ouvir, dá-se o ouvido. Se não fossem os obstáculos impostos pelas políticas de Estado, ouviríamos a terra dizer: vocês são meus filhos. Ouve-se no silêncio o que fala a terra, de modo que o calar fala mais alto. Neste sentido, auscultar é um modo de pensar a nossa casa.

O pensamento é propriamente pensamento quando se dá uma “auscuta” e nela se dá pertencimento a Deus, pois Deus já se destinou, se enviou, já foi admitido como Jesus Cristo. O pensamento é propriamente pensamento quando há um pertencimento ao Deus da vida, pertencimento ou apelo; quando o pensamento se faz desde o próprio Deus e esse apego pode ser também um amor ao querer. Então, o poder ser que é querer e querer somente isso. Querer é, portanto, deixar ser, deixar a coisa vingar desde a proveniência de uma essência e esse querer é amar; amar como querer é deixar ser, deixar a coisa ser, deixar vigorar. O poder da razão, não é o de ter domínio sobre a coisa: é deixar a coisa acontecer desde ela mesma. Poder como querer é justamente o deixar ser, portanto o possível, que é somente possível.

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